Por Leonardo Ribbeiro
A língua Tupi, apesar de distante dos tempos atuais, deixa ensinamentos que jamais deveriam ser esquecidos. A simplicidade, ao mesmo tempo suntuosa na interpretação de algumas palavras, é prova disso. Vejamos a semelhança, e ao mesmo tempo a equidistância, das palavras Abaeté e Abaetê. À primeira leitura podem parecer expressões iguais. Mas são totalmente diferentes, por conta de um acento. Na visão indígena, que ao verrumar a definição de cada palavra, definiu uma diferença latente entre cada uma. Enquanto o acento circunflexo em Abaetê, neste contexto, dá o significado de pessoa honrada; o agudo no final da expresso traz a (in) significância de ‘gente repulsiva’, de pessoas ruins. Ou seja: uma mudança de acento é capaz de alterar a direção dos ventos e até derrubar um ‘galhardete’. Assim tem sido com o jornalista Geraldo Naves.
Ninguém chega onde ele chegou sem a soma de esforço, competência e respeito. É só imaginar a cena de um pai que, com autoridade que lhe é imputada, consegue ficar frente a frente com o filho e exigir a mudança de postura. Geraldo é assim. Olho no olho. Sinceridade. Verdade. Soma. Correção.
Em algum momento, na condição de deputado, ele pode ter se perdido com a política. Ou melhor: ter sido jornalista numa hora em que era exigido o pulso político. Foi justamente quando prevaleceram os holofotes. Pelo menos naquele instante. Com isso, venceu o mal no mais sincero dos sentidos: na história ‘cabeluda’, em que todos precisavam ser sacrificados. E foram.
Hoje, quase uma década depois de todo o misancene, a história começa a ganhar contornos de realidade. É como se os cílios perdessem os postiços. Para ser mais popular, é o joio se separando do trigo.
Geraldo não sofre injustiça, porque é forte e sabe que não deve mendigar diante de fatos que, na verdade, expõem o verdadeiro homem que é.
Geraldo não é vítima, pois está acima de todas outras pessoas que precisam de ajuda diariamente para sobreviver.
Geraldo não é qualquer um, já que tem história com Brasília, com o Jornalismo e com a Política. E essa linha do tempo não se apaga.
Enquanto profissional da iniciativa privada, criou o tão falado “padrão de qualidade” da TV brasileira. No exterior, inventou a forma ideal de comunicação entre comunidades hispanas nos EUA. Enquanto apresentador, apurou, produziu, furou, investigou, opinou e até filmou quando necessário os principais conflitos da história do Distrito Federal.
Talvez isso tenha ajudado a aterrorizar a neovida política, que exigiu de Geraldo mais diplomacia. O que tinha no comportamento, mas não na língua. Reflexo do fato de jamais aceitar um conteúdo imposto. Geraldo tem perfil analista; é combativo. Fala sem medo, mas sem desrespeitar.
No fundo, Geraldo sofreu por tudo isso. Sofre mais ao ser obrigado a remoer o passado adverso. Mas é forte o suficiente para dar a volta por cima e deixar um legado com nome e sobrenome: a família.
Podem escrever. Sem Geraldo Naves, o Jornalismo e a Política de Brasília perdem. Mas isso não vai ocorrer agora porque, além dele, há uma legião de discípulos que o acompanham.
Enquanto os novos “Barra Pesada” não se apresentam, é preciso acreditar no Geraldo. Não somente pelo que diz hoje. Mas pela história que construiu em Brasília, no Brasil e no Mundo. Se um dia ele pecou, foi por fazer política. Nada tem a ver com ‘coisa errada’.
*Leonardo Ribbeiro – 35 anos, jornalista, especialista em Gestão Pública pela FGV e colunista do Agenda Capital