Deputados distritais. Foto: CLDF

Com as regras eleitorais e cenário político mais competitivo, deputados distritais terão que se reinventar para manter seus mandatos. Veja avaliação individual dos atuais parlamentares.

Por Delmo Menezes

As eleições de 2026 devem ser as mais disputadas da história recente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A introdução da cláusula de barreira nacional, o aumento no número de candidatos competitivos e a reorganização dos partidos por meio de federações e coligações colocam os atuais deputados distritais em um novo tabuleiro político.

Embora a cláusula de barreira atinja diretamente apenas o funcionamento e os recursos dos partidos no âmbito federal, seus efeitos refletem indiretamente no nível distrital. Partidos que não atingirem os critérios mínimos podem desaparecer ou fundir-se, limitando as opções de legenda para os atuais parlamentares. Além disso, o sistema de sobras e o quociente eleitoral dificultam a eleição de candidatos de partidos menores, mesmo os populares.

Análise individual dos Distritais

Fábio Félix (PSOL) – Com 51.792 votos em 2022, foi o deputado distrital mais votado da história da CLDF. Sua atuação focada em direitos humanos e comunidade LGBTQIA+ lhe garante uma base sólida. Fontes indicam que deve migrar para a disputa federal, o que abriria espaço no PSOL. Sua oratória e atuação destacada o tornam um nome competitivo.

Chico Vigilante (PT) – Em seu quinto mandato, foi eleito em 2022 com expressivos 43.854 votos. Com forte base em Ceilândia e ligado à velha guarda petista, apoia Érika Kokay ao Senado. Em 2026, deverá ser sua última eleição, com grandes chances de reeleição.

Gabriel Magno (PT) – Eleito com 18.063 votos, é considerado sucessor político de Arlete Sampaio. Líder da oposição ferrenha ao governo Ibaneis, precisa ampliar sua agenda propositiva. Ainda assim, está bem-posicionado para reeleição. Tem visibilidade nos sindicatos e nas redes sociais, mas ainda carece de consolidação como liderança mais abrangente no campo da esquerda.

Ricardo Vale (PT) – Vice-presidente da CLDF, foi eleito com 17.077 votos. Tem base consolidada em Sobradinho e bom trânsito no Congresso. Sua atuação equilibrada e experiência administrativa o colocam como forte candidato à reeleição. Nos bastidores é sempre lembrado para uma possível vice em uma eventual chapa majoritária de centro-esquerda. Deve seguir firme na disputa por uma nova legislatura.

Max Maciel (PSOL) – Eleito com 35.758 votos, surpreendeu pela atuação nos movimentos populares e periféricos. Seu discurso não radical facilita diálogos. A possível saída de Fábio Félix para a Câmara Federal pode fortalecer sua reeleição.

Daniel Donizet (PL) – Eleito com 33.573 votos, enfrenta sérias dificuldades devido a acusações de assédio sexual. Pode ter problemas judiciais e eleitorais.

Martins Machado (Republicanos) – Reeleito em 2022 com 31.993 votos. Ligado à Igreja Universal, é nome cotado para vice de Celina Leão (PP), assim como do Bispo Renato Andrade. Forte candidato à reeleição com voto evangélico cativo, principalmente da Igreja Universal. Sua atuação na CLDF é discreta, porém é muito forte nos bastidores.

Robério Negreiros (PSD) – No quarto mandato, eleito com 31.341 votos. De fácil diálogo com todos os espectros políticos, tem base na iniciativa privada, principalmente do setor de serviços. Candidato sólido à reeleição. Desfruta de bom trânsito no Palácio do Buriti. Tá no jogo!

Jorge Vianna (PSD) – Reeleito com 30.640 votos. Destaque na defesa dos profissionais de saúde, principalmente na defesa dos técnicos de enfermagem, sua área de atuação. Campeão em emendas para saúde, tem tudo para se reeleger. Hoje faz parte da base governista.

Jaqueline Silva (MDB) – Reeleita com 26.452 votos. Faz campanha permanente em Santa Maria e Gama. Precisa escolher bem o partido para evitar a cláusula de barreira. Tem trabalho realizado e condições favoráveis para reeleição.

Thiago Manzoni (PL) – Eleito com 25.554 votos com apoio da deputada federal Bia Kicis. Bom desempenho nos embates ideológicos. Forte candidato à reeleição no espectro conservador.

Eduardo Pedrosa (União Brasil) – No segundo mandato, eleito com 22.489 votos. Ampliou atuação nas causas com forte apelo emocional, como doenças raras, TDAH e síndrome de Down. Pode ser vice de Celina ou até cabeça de chapa. Boas chances para reeleição.

Joaquim Roriz Neto (PL) – Eleito com 21.057 votos. Apesar do sobrenome famoso, precisa se movimentar mais para garantir reeleição diante de concorrentes fortes, até mesmo dentro de sua família.

Iolando (MDB) – Reeleito com 20.757 votos. Sua base é na Assembleia de Deus Missão. Trabalho reconhecido com pessoas com deficiência. O deputado vem para sua terceira eleição. Precisa ampliar sua base de apoio dentro do segmento, sobretudo porque se fala nos bastidores a possibilidade do ex-deputado Carlos Xavier, voltar a cena política. Tem tudo para aumentar seu número de votos em relação a última eleição, principalmente se souber escolher as lideranças certas.

Pastor Daniel de Castro (PP) – Eleito com 20.402 votos. Disputa mesmo eleitorado que Iolando, mas com apoio da Assembleia de Deus Madureira. Próximo de Celina Leão, tem boas chances. Tem realizado algumas movimentações nas administrações regionais as quais indicou seus administradores (Águas Claras e Vicente Pires), porém ainda é cedo pra saber até que ponto estas movimentações foram positivas. Está no páreo para reeleição.

Hermeto (MDB) – Reeleito com 20.332 votos. Líder do governo na CLDF, evoluiu no diálogo com seus pares. Base em Candangolândia e PMDF. Tem declarado em conversas informais que em 2026 poderá ser sua última eleição. Grandes possiblidade de se reeleger.

Roosevelt Vilela (PL) – Reeleito com 20.223 votos. Base no CBMDF e discurso bolsonarista. Melhorou o diálogo com seus pares e apoia hospitais com emendas parlamentares. Pode crescer ainda mais com grandes chances de reeleição.

Doutora Jane (MDB) – Eleita com 19.006 votos. Delegada com atuação discreta na CLDF. Sua base eleitoral é São Sebastião, mas é incógnita para 2026.

Rogério Morro da Cruz (PRD) – Eleito com 18.207 votos. Base em São Sebastião e região. Pertence a base governista e tem um excelente diálogo com seus colegas e os profissionais da imprensa. Ainda é muito cedo para uma avaliação mais apurada.

João Cardoso (Avante) – Reeleito com 17.579 votos. Professor e auditor, busca visibilidade com audiências públicas. Enfrentará desafios pela cláusula de barreira.

Paula Belmonte (Cidadania) – Eleita com 17.208 votos após desistir de disputa majoritária em 2022. Ex-deputada federal bem avaliada dentro do Congresso Nacional. Postura independente e pró-empreendedorismo. Ainda decide futuro político.

Wellington Luiz (MDB) – Presidente da CLDF, eleito com 16.933 votos. Desfruta de bom prestígio na PCDF. Pode buscar TCDF ou reeleição. Boa atuação como presidente e diálogo permanente com seus pares, favorece sua reeleição, ou até mesmo voos mais altos.

Pepa (PP) – Eleito com 15.393 votos. Pepinha como é conhecido pela classe política, é um político atuante na sua base eleitoral que é Planaltina, Arapoanga e região. Vai disputar espaço político com o atual secretário da Cultura, Claudio Abrantes. O deputado tem um bom trânsito com o governador Ibaneis e a vice Celina Leão. Tá na disputa com chances.

Dayse Amarílio (PSB) – Eleita com 11.012 votos. Precisa ampliar sua base de atuação como vem fazendo seu principal adversário político, Jorge Vianna. Foi eleita pela sua atuação na enfermagem, sua categoria. Precisa ampliar seus apoios diante de muitos candidatos da saúde. Desafios pela cláusula de barreira.

As eleições de 2026 para a CLDF apresentam um cenário complexo, onde fatores como a cláusula de barreira, a formação de federações partidárias e a capacidade individual de angariar votos serão determinantes. Pesquisas indicam um ambiente favorável à direita no DF, mas a união do campo progressista pode mudar esse quadro.

A escolha das legendas, a formação de alianças e a capacidade de ampliar bases eleitorais serão fundamentais nos próximos meses.

Com a política do DF já em clima eleitoral, a disputa promete ser uma das mais acirradas da história, refletindo as divisões e os anseios da sociedade brasiliense em um momento decisivo para o futuro da capital federal.

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Da Redação do Agenda Capital

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