Plenário da CLDF nesta terça-feira (20/5). Reprodução.

Distrito Federal já soma 11 feminicídios em 2025; tema dominou a sessão plenária desta terça-feira (20)

Por Redação

A sequência de feminicídios no Distrito Federal voltou a dominar os debates da Câmara Legislativa nesta terça-feira (20), após dois novos casos em menos de 24 horas. Vanessa da Conceição Gomes foi morta em Samambaia, no domingo (18), e o principal suspeito é seu companheiro. Na manhã seguinte (19), Liliane Cristina Silva de Carvalho foi assassinada em Ceilândia; o ex-companheiro é investigado como autor do crime.

As mortes chocaram os deputados distritais, que usaram a tribuna para expressar repúdio e exigir respostas concretas do poder público. “Não dá para continuar efetivamente esta situação que a gente está vivendo de assassinatos, de espancamentos e de violências praticadas contra as mulheres aqui no Distrito Federal”, afirmou o deputado Chico Vigilante (PT), ao abrir as manifestações no plenário.

O deputado Fábio Felix (Psol) destacou que o DF já contabiliza 11 feminicídios apenas em 2025 e lamentou a falta de respostas estatais, mesmo após denúncias feitas por algumas das vítimas. Ele também cobrou a implementação das 80 recomendações apresentadas pela CPI do Feminicídio, realizada pela CLDF entre 2019 e 2021. “Qual é a resposta do governo do Distrito Federal? Ausência, falta de investimentos nessa área, serviços precarizados dominados, muitas vezes, por indicações de cargos comissionados que não têm a formação necessária para fazer o atendimento”, criticou.

Apesar das críticas, Felix reconheceu avanços recentes, como a regulamentação, por parte do Executivo, de duas leis aprovadas na Câmara Legislativa: o passe livre temporário para mulheres vítimas de violência e o auxílio financeiro destinado a órfãos do feminicídio.

O deputado Pastor Daniel de Castro (PP), por sua vez, defendeu o governo local e disse que o Buriti tem atuado para reduzir a violência. “Temos baixado todas as setas de todos os índices. Naturalmente isso não é nada: não temos que baixar, mas zerar. A onda de feminicídios contra as mulheres nesta cidade chamada Brasília precisa ser zerada de forma urgente”, declarou.

A procuradora especial da Mulher na CLDF, deputada Paula Belmonte (Cidadania), lamentou que a capital federal esteja entre as cidades com maior número de feminicídios no Brasil. “É uma tristeza saber que Brasília está no ranking das maiores capitais do país que têm feminicídio. Nós estamos falando de um orçamento de R$ 73 bilhões, de uma cidade que tem 3 milhões de habitantes e, mesmo assim, temos várias mulheres mortas”, destacou.

Já o deputado Thiago Manzoni (PL) fez uma crítica à abordagem da esquerda sobre o tema, associando o problema à degradação de valores morais. “Os valores da nossa sociedade foram invertidos. Não é o homem só que objetifica a mulher não, são as músicas que a esquerda chama de cultura, que tornam a mulher um objeto”, afirmou. Para ele, a adoção de princípios conservadores pode contribuir para a redução da violência contra a mulher.

Encerrando o debate, a deputada Doutora Jane (MDB) prestou solidariedade às famílias das vítimas e reforçou a necessidade de ações urgentes. “Essas mulheres tiveram suas vidas ceifadas precocemente pela ignorância, covardia e violência e por tantos outros motivos que conhecemos, mas que precisamos enfrentar para que a gente não fique contando tantas mulheres mortas: já são 11 no DF este ano”, concluiu.

A escalada da violência de gênero no DF reacende o alerta para a urgência de políticas públicas efetivas, com investimentos estruturantes e ações integradas de prevenção, proteção e responsabilização.

Siga o Agenda Capital no Instagram>https://www.instagram.com/agendacapitaloficial/

Da Redação do Agenda Capital

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here