‘Por que eles querem que eu renuncie? Porque eu sou uma mulher fraca? Eu não sou’, disse a presidente, ao jornal britânico ‘The Guardian’

A presidente Dilma Rousseff em entrevista a jornalistas estrangeiros nesta quinta-feira (24). Disse que não renunciará ao cargo e reafirmou que não há justificativa para o processo de impeachment.

Em mais de uma hora de entrevista, aos principais jornais estrangeiros, como The New York Times, The Guardian, Le Monde e El Pais, Dilma se defendeu contra as acusações sobre a nomeação de Lula à Casa Civil e disse que vai recorrer com todos os métodos legais contra o impeachment.

Segundo o jornal britânico The Guardian, a presidente disse ainda que retirá-la do cargo pode gerar “cicatrizes duradouras” para a democracia brasileira. Segundo o The New York Times, a petista disse que o esforço da oposição para removê-la do Planalto “carece de bases legais”. Dilma declarou que, apesar de não lhe agradarem as vaias e as críticas quanto ao governo, ela dorme bem à noite. “Não sou uma pessoa triste”, completou.
A reportagem do jornal americano descreve que Dilma adotou um tom “desafiador” na conversa, que durou mais de uma hora, em seu escritório no Palácio do Planalto, insistindo que não pretende renunciar. “Nós apelaremos a todos os meios legais disponíveis”, afirmou a presidente, ao ser perguntada sobre se aceitaria uma derrota no Congresso sobre o impeachment. Segundo o relato do Times, Dilma negou que tenha recebido financiamento ilegal em sua campanha.

Dilma reafirmou que se “mantém firme” no cargo e que a paz reinará no Brasil durante a realização da Olimpíada no Rio. “Por que eles querem que eu renuncie? Porque eu sou uma mulher fraca? Eu não sou”, disse a presidente, segundo o jornal The Guardian.

Ainda de acordo com o jornal britânico, a presidente acusou a oposição de não aceitar a derrota apertada nas eleições de 2014 e, desde então, trabalhar pelo “quanto pior, melhor” com a sabotagem da agenda legislativa apresentada pelo Executivo, fato que tem “afundado o País”, cita a reportagem. Dilma criticou ainda “métodos fascistas” usados por alguns nomes da oposição.

O jornal americano The New York Times, por sua vez, lembra o imbróglio em torno da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Em um editorial publicado no último sábado, o jornal americano classificou de “ridículas” as explicações de Dilma para justificar a nomeação de Lula, principalmente porque ocorre em meio às denúncias de corrupção apuradas pela Operação Lava Jato. Na entrevista desta quinta, Dilma defendeu a escolha do ex-presidente. “Lula é meu parceiro”, disse ela, segundo o Times. Ela ressaltou a capacidade de negociação e articulação política de Lula e afastou a justificativa de que a nomeação é apenas para protegê-lo da Operação Lava Jato, dando foro privilegiado ao ex-presidente.

Times destaca na reportagem uma pesquisa recente, que mostra que 68% da população é favorável ao impeachment e que os brasileiros têm saído às ruas para protestarem contra o governo. “Não vou dizer que é agradável ser vaiada”, disse Dilma aos jornalistas estrangeiros ao falar das manifestações.

Na reportagem divulgada hoje pelo jornal norte-americano The New York Times, Dilma disse que Eduardo Cunha (PMDB) está acelerando o processo de impeachment para desviar atenção sobre as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro das quais ele está sendo acusado. Sobre o processo de impeachment, Dilma afirmou: “Nós vamos apelar com todos os métodos legais contra isso”.

A reportagem destaca ainda que o impeachment de Dilma pode ser votado na Câmara e no Senado já no próximo mês e que a presidente também enfrenta outra possibilidade de perder o mandato, a análise de irregularidades no financiamento da chapa que a elegeu pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Neste caso, o vice-presidente, Michel Temer, não poderia assumir o Planalto, finalizou a reportagem.

Da Redação com informações The New York Times / The Guardian / Estadão

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here