Por Dr. Cid Carvalhaes*
Natal sem fome, fantástico movimento de muitos natais pregressos. O Espírito Natalino de solidariedade coletiva converge num ponto básico: NATAL SEM FOME.
Inquietam-nos alguns pensamentos vindos desse fato. Somos movidos por importantes sentimento de culpa, autopunição, remorso (significado bíblico da vergonha por ter pecado). Tem-se a sensação do dever cumprido, pois, um dia do ano alimentei “meu semelhante”.
E a fome? É contínua, persistente, diária. Pode-se entender no sentimento do Natal Sem Fome ser pacífico concluir, os outros 364 dias do ano podem e devem ser de fome.
Quantos dos nossos “irmãos” permanecem sempre na inanição? Quantos doentes, mortes? Crianças com subnutrição severa, mulheres grávidas entregues às suas próprias sortes, idosos abandonados literalmente, trabalhadores do salário mínimo subalimentados sempre.
Disputas, egoísmos, guerras genocidas, crimes de toda sorte, especulações perenes. Tudo em nome do MERCADO, espécime incolor, inodora, insípida, invisível, porém, dono e mestre de todos.
Naturalmente, como SENHOR ABSOLUTO DE TUDO, é o grande responsável pelo estado caótico da fome. Sonhos existem, os tive.
Seria adequado dividirmos o programa SEM FOME em etapas? ETAPA 1 – SEM FOME do Natal ao Réveillon. ETAPA 2 – do Réveillon ao Carnaval. ETAPA 3 – do Carnaval a Páscoa. ETAPA 4 – da Páscoa às festas Juninas. ETAPA 5 – das festas Juninas ao 7 de Setembro. ETAPA 6 – do 7 de setembro a 15 de Novembro e, finalmente, ETAPA 7 – da Proclamação da República ao próximo Natal.
Cumpriríamos, sim, o Espírito Natalino no combate à fome, a miséria, às discriminações, aos preconceitos de toda ordem e, ainda, segundo preceitos cristãos, seríamos redimidos.
*Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes – Médico neurocirurgião, advogado e escritor. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Presidente do Conselho Deliberativo da SBN, Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo e Presidente da Federação Nacional dos Médicos. Especialista no Direito Médico e da Saúde e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito da Escola Paulista de Direito. É Colunista do Agenda Capital.
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