Senador Cristovam Buarque (PPS). Foto: reprodução

Por Josias de Souza

O senador Cristovam Buarque, um pernambucano eleito pelo Distrito Federal, decidiu abandonar o governista PDT. Nesta semana, ele assinará ficha de filiação no oposicionista PPS.

“Cansei”, disse Cristovam ao blog. “Não quero que meu nome fique associado a um partido que ajudou o país a afundar. Venho falando há tempos que não vai dar certo. Foram muitos alertas. Está cada vez pior. Já não estamos em crise, estamos em decadência. E levaremos muito tempo para sair dela.”

Para Cristovam, a decadência carcome até as conquistas das quais o petismo sempre se jactou. “A Bolsa Família, que já era insuficiente, hoje, com a inflação, vale 20% menos. O PT abriu a porta da casa para algumas pessoas, mas não abraçou. Abraçar seria, por exemplo, providenciar o saneamento, para não tivéssemos a dengue. Não houve um acolhimento real. Apenas permitiu-se que as pessoas pudessem comprar coisas financiadas. No fundo, endividaram as famílias.”

Cristovam está a poucos dias do seu aniversário. Fará 72 anos no próximo sábado. “Quando conversei com Roberto Freire [deputado federal, presidente do PPS], disse a ele que estamos na idade de nos preocupar mais com a memória do que fizemos do que em fazer coisas novas. Ele disse algo muito correto: ‘Isso seria verdade se o Brasil estivesse bem. Mas na situação em que o país se encontra, tirar o time de campo seria uma irresponsabilidade.”

O senador disse já ter comunicado sua decisão ao grupo político que o apoia em Brasília. “Eu manifestei o meu incômodo. Saí do PT no auge do PT. Fui para a oposição. Disputei a Presidência da República com Lula, em 2006. Pouco depois o Carlos Lupi [presidente nacional do PDT] entrou no governo. A cada reunião que fazíamos, ele dizia: ‘daqui a dois meses a gente sai.’ E nada.”

Cristovam prosseguiu: “Agora, descubro que o PDT não só não saiu do governo como o abraçou de vez. Vejo inclusive uma estratégia de o PDT virar a alternativa para o PT continuar no poder sem o PT. Como os militares tentaram fazer com o Paulo Maluf. Tirava os militares e botava um civil. Agora, querem que o Ciro Gomes seja o candidato do PT pelo PDT. Eu perguntei ao meu grupo: me apresentem uma razão para continuar.”

Segundo Cristovam, sua entrada no PPS não envolve nenhum tipo de compromisso em relação à corrida presidencial de 2018. “Roberto Freire chegou a falar sobre isso. Mas eu disse que não quero compromisso. Nem há o compromisso do PPS nem aceito que se exija de mim ser candidato de qualquer jeito. Hoje, não sei. Estou mudando de partido às vésperas de completar 72 anos. Considero que, nessa idade, esse é um gesto raro”.

Fonte: UOL

 

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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