Foto: Reprodução

Por Estadão

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi libertado na sexta-feira, 8, da prisão em Curitiba, onde estava desde 7 de abril do ano passado, um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a possibilidade de execução da pena após condenação em segunda instância.

Logo após sua saída da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente mirou no que chamou de “lado podre do Estado brasileiro”, citando a Justiça, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Receita Federal – setores que, segundo o petista, agiram para criminalizar a esquerda, o PT e a ele próprio.

Condenado em três instâncias da Justiça por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP), Lula permanece com os direitos políticos cassados – o que o impede de se candidatar –, mas a análise mais recorrente é que sua liberdade reacende a polarização do petismo com o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Durante uma fala de 17 minutos, o ex-presidente disse que “o Brasil piorou” e acusou o atual governo e Bolsonaro de mentirem. Um ato está previsto para hoje no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). O mercado financeiro também interpretou a soltura de Lula como um sinal de acirramento da polarização política, com possível impacto no andamento da pauta econômica do governo. O dólar registrou o terceiro dia consecutivo de alta (fechou em R$ 4,16) e a Bolsa fechou com queda de 1,78%.

Veja opinião de alguns jornalistas:

Eliane Cantanhêde: Bolsonaro passa a ter algo novo, a oposição

O ex-presidente Lula já saiu da prisão chamando o presidente Jair Bolsonaro para briga. Depois de correr solto neste seu primeiro ano de governo, digladiando contra a mídia e inimigos imaginários, Bolsonaro passa, portanto, a ter finalmente oposição. E não uma oposição qualquer. O que ainda não está claro é em que arena esse embate vai ocorrer. 

Vera Magalhães: Soltura de petista vai exacerbar extremos estridentes

Lula solto – e não livre, como se tenta falsamente vender na narrativa triunfalista montada pelo PT – vai exacerbar a polarização entre os extremos estridentes da sociedade: de um lado, bolsonaristas revoltados clamando pelo fechamento do STF e, de outro, viúvas do lulopetismo ignorando que Lula foi condenado em duas instâncias e teve a condenação confirmada pelo STJ por crime comum. Graças à revisão do Supremo Tribunal Federal a respeito do momento do cumprimento da pena no Brasil, o País volta imediatamente ao momento maior de conflagração entre antípodas políticos, que levou à eleição de Jair Bolsonaro no ano passado. 

Coluna do Estadão: Narrativa do ‘Lula-Mandela’ só cola nos convertidos

Apesar de a nova narrativa disponível na praça tentar transformar Lula no “Mandela brasileiro”, capaz de unir o País, os petistas mais lúcidos sabem que ela não irá prosperar: a polarização que Lula ajudou a fomentar não cedeu um milímetro após ele ter sido preso, pelo contrário, o ex-presidente não passa no “teste das ruas” ou “dos aeroportos” sem ser hostilizado. Por isso, a retórica do “homem cordial” e do “Lulinha paz e amor” só vai colar mesmo na bolha dos convertidos, avaliam. Fora dela, a estratégia será de enfrentamento e radicalização. 

William Waack: Futuro de Lula como fator político depende pouco dele mesmo

Perdida atrás da discussão sobre 2.ª instância está a verdadeira questão: a morosidade do Judiciário. Fosse ele mais célere, mais moderno, mais dedicado a servir à sociedade e suas normas – e fosse outro o regime de recursos – e a 2.ª instância desapareceria como problema. 

João Domingos: O STF e o pacto de 2022

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir a prisão após condenação em segunda instância tem tudo para se tornar um marco na História do País. Por alguns motivos em especial. Um, porque foi – e continuará sendo – um teste para se medir a força das instituições pilares da sustentação do Estado Democrático de Direito. Mesmo sob forte pressão para que mantivesse a jurisprudência de 2016, a favor da prisão, a Corte não se intimidou. A sessão foi transmitida ao vivo pela TV e quem quis pôde ver em detalhes como se comportou cada ministro. Goste-se ou não do resultado, ele está aí. 

Marcelo de Moraes: Lula reocupa seu palanque e tenta polarizar com Bolsonaro

Depois de 580 dias preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou neste noite de sexta, 8, que está disposto a recuperar o tempo perdido e já ocupou seu primeiro palanque. Logo depois de ser libertado, o petista fez um forte discurso atacando duramente o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o Ministério Público, entre outros alvos. O ex-presidente carregou nas palavras classificando como “lado podre” do Estado brasileiro as pessoas responsáveis pela sua condenação e prisão. 

Com informações do Estadão

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