Três primeiros cursos confirmados são pós-graduações ligadas ao estudo e ao desenvolvimento de vacinas.

Objetivo é formar cientistas, apoiar a pesquisa em saúde e desenvolver fármacos e vacinas

Por Isabela Moya

A milenar Universidade de Oxford desembarca no Brasil com sua primeira sede física própria fora do Reino Unido: a Oxford Latam Unit terá como foco a América Latina e será voltada para educação, desenvolvimento clínico e apoio à pesquisa científica. O objetivo da unidade, que terá seu prédio inaugurado no País até dezembro, é formar uma nova geração de cientistas e tornar a América Latina cada vez mais atrativa para a condução de pesquisas clínicas e o desenvolvimento de fármacos e vacinas, com foco em saúde pública.

Os primeiros cursos confirmados são as pós-graduações em Biotecnologia e Desenvolvimento de Vacinas, Saúde Global e Vacinologia e também em Desenvolvimento Clínico e Saúde Global em Vacinologia, cujas inscrições serão abertas ainda em 2023 e terão início no próximo ano. A Oxford Latam Unit também terá cursos de mestrado, ainda sem data confirmada.

A nova unidade é definida por Oxford como “um lugar onde jovens cientistas e futuros líderes podem aprender sobre os aspectos éticos, operacionais e regulatórios do desenvolvimento de vacinas e medicamentos”. Segundo a instituição, a equipe fornecerá treinamento em vigilância de doenças e mapeamento de risco usando dados epidemiológicos, com o objetivo de identificar surtos precoces de doenças infecciosas e impedi-los de se tornarem epidemias ou pandemias.

Universidade firmou parceria com Ministério da Saúde em 2021

A vinda da universidade inglesa para o Brasil já era falada desde 2021, quando Oxford firmou uma parceria com o Ministério da Saúde para o desenvolvimento da vacina Astrazeneca. Desde então, as oportunidades se ampliaram e a universidade decidiu estender a parceria para toda a América Latina – agora, com uma sede própria e com um novo parceiro, a Sail for Health, empresa brasileira que atua como elo entre a comunidade científica, investidores e a indústria.

A empresa realizou uma doação de £ 5 milhões (R$ 30 milhões) para a Universidade de Oxford e, como contrapartida, recebeu a oportunidade de indicar uma cientista brasileira para ocupar uma das cadeiras dentro da universidade, a professora Sue Ann Clemens, médica brasileira especialista em doenças infecciosas e desenvolvimento clínico. A cientista contribuiu para o desenvolvimento de mais de 20 vacinas e produtos farmacêuticos licenciados globalmente, e foi a investigadora principal do braço brasileiro do teste da vacina AstraZeneca contra a covid-19. Além disso, Clemens será a Head da Oxford Latam Unit e já lidera o Grupo de Vacina de Oxford para a América Latina.

“A doação nos dá a possibilidade de ter uma cátedra perpétua na universidade. E só fizemos uma exigência: de que o Brasil sempre sente nessa cadeira global de Saúde Global e Desenvolvimento Clínico. Indiquei a Sue pela importância de seu trabalho”, diz Marina Domenech, fundadora da Sail for Health. A doação é o maior montante recebido pela universidade inglesa de um doador brasileiro e a primeira a habilitar a dotação de uma cadeira. “Isso vai atrair esses recursos globais para o desenvolvimento clínico no Brasil, especialmente para doenças tropicais e com foco em saúde de povos originários. É de um valor estratégico muito grande para o País”, ela ressalta.

Doadora Sail for Health quer aproximar cientistas da indústria farmacêutica

A Sail fornece uma espécie de consultoria a seus clientes, que vão desde as biotechs (indústrias farmacêuticas e de biotecnologia), passando por agentes reguladores do setor de saúde, e chegando, inclusive, ao setor público. Dentre os serviços prestados, participa do desenho de novas diretrizes e de mapas epidemiológicos, além da capacitação para empresas irem para rodadas de financiamento.

“Criei a Sail pensando nas dores que sentia na pesquisa clínica, com players falando linguagens completamente diferentes. O objetivo principal é de reter novas tecnologias para o nosso País e de gerar mais acesso para a nossa população”, conta Domenech. “O Brasil tem dependência de mais de 90% de tecnologias externas. A Sail vem como catalizadora de forças para reduzir a distância entre a indústria e a academia brasileira”.

“Não tem como transformar nosso ambiente sem educação. Temos no Brasil uma comunidade científica extremamente desenvolvida, a grande dificuldade é pensar na viabilidade dos projetos e fazer uma ideia virar um produto que vai acessar o mercado”, disse Domenech, citando problemas de infraestrutura e tecnologia nacional. “Ficamos com criações incríveis, mas que têm dificuldade de escalar e serem transformadas em algo acessível. Para isso, é fundamental falar o linguajar da indústria”, afirmou, destacando o papel da Sail de aproximar os diferentes atores do setor de saúde.

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Com informações do Estadão

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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