crédito: Jordan Vonderhaar / GETTY IMAGES NORTH AMERICA .

Outras 16 pessoas foram encontradas vivas e levadas para hospitais locais, entre elas 4 crianças; causa das mortes permanece desconhecida

Por Redação

Pelo menos 46 pessoas foram encontradas mortas dentro e ao redor de caminhão abandonado em San Antonio, cidade do Texas, nesta segunda-feira, 27. Autoridades americanas afirmam que as vítimas são migrantes que cruzaram ilegalmente a fronteira entre os EUA e o México. Outras 16 pessoas, incluindo quatro crianças, foram encontradas vivas e levadas para hospitais locais com problemas de saúde relacionados ao calor.

O episódio já se trata de um dos piores envolvendo a morte de migrantes nos últimos anos. Ele ocorre em meio a um aumento na migração na fronteira sul dos EUA, que registram um recorde de prisões. Em maio, 239 mil pessoas foram presas ao longo da fronteira com o México.

De acordo com o chefe de polícia da região, William McManus, um funcionário da cidade encontrou os corpos e os sobreviventes após ouvir um grito de socorro vindo do veículo, por volta das 18h de segunda-feira. Segundo a Associated Press, três pessoas foram detidas no local, mas não está confirmada a participação delas em um esquema de tráfico de pessoas.

A investigação está sendo conduzida pela Homeland Security Investigations, um ramo do Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA especializado em casos de tráfico de pessoas, segundo o The Washington Post. O motorista do veículo ainda não foi encontrado e as nacionalidades das vítimas seguem desconhecidas.

Os corpos foram encontrados próximo a Interstate 35, uma importante rota de trânsito da fronteira EUA-México. A passagem de fronteira mais próxima ao local fica a cerca de 225 quilômetros. Moradores próximos ouvidos pelo The New York Times informaram queo local era um ponto de desembarque tradicional.

A causa das mortes ainda não foi identificada pelos policiais, mas San Antonio e outras cidades do Texas vivem uma onda de calor em níveis recordes ou próximos. A temperatura nesta segunda-feira chegou a 39,4ºC na cidade, o que os deixa mais suscetíveis a desidratação e insolação.

“Eles estavam sofrendo de insolação e exaustão”, disse o chefe do Corpo de Bombeiros Charles Hood. “Era um trator-reboque refrigerado, mas não havia unidade de ar condicionado visível naquela plataforma.”

Organizações de contrabando que trabalham dentro dos Estados Unidos às vezes colocam migrantes em caminhões e trailers de carga depois que eles já cruzaram a fronteira com o México, a fim de escapar dos postos de controle rodoviários operados pela Patrulha de Fronteira dos EUA.

San Antonio é um importante ponto de trânsito para os migrantes que vão do Texas para outros pontos dos Estados Unidos, e dezenas de milhares de migrantes passaram pela cidade nos últimos meses, segundo defensores dos imigrantes.

Repercussão

O governador do Texas Greg Abbott (Republicano) responsabilizou no Twitter o presidente Joe Biden pelas mortes dos migrantes. “Essas mortes estão em Biden. Elas são o resultado das suas políticas mortais de fronteira aberta. Elas mostram as consequências mortais de sua recusa em fazer cumprir a lei”, declarou. Biden não se pronunciou até o momento.

O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, disse que um dos cônsules-gerais do país esta em direção ao local.

O arcebispo de San Antonio, Gustavo García-Siller, lamentou a tragédia e lembrou que ela acontece pouco tempo depois do massacre na escola infantil de Uvalde, também no Texas, que deixou 19 crianças e 2 professoras mortas. “O Senhor tenha misericórdia deles. Eles esperavam uma vida melhor”, declarou.

Tragédias anteriores

Os mais 40 corpos encontrados sem vida nesta segunda-feira imediatamente se tornam um dos piores incidentes envolvendo migrantes ilegais em solo americano. O incidente mais mortal da história recente havia sido até então em 13 de maio de 2003, que guarda semelhança com o atual: na ocasião, 19 migrantes morreram no compartimento traseiro de um caminhão no sul do Texas.

Segundo as investigações, o motorista do veículo do caso de 2003 concordou em transportar os migrantes através de um posto da fronteira por US$ 7,5 mil, mas não ligou o sistema de refrigeração do caminhão. As temperaturas no interior subiram para 78,3ºC.

As pessoas transportadas no veículo arranharam a parte interna e gritaram por socorro. Quando o motorista finalmente abriu as portas traseiras, os 19 foram encontrados mortos por desidratação, superaquecimento e asfixia. O motorista foi condenado a 34 anos de prisão. /NEW YORK TIMES, W.P., REUTERS, AP.

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